Senado aprova afastamento definitivo de Dilma
Flipboard Brasil Blog / setembro 2, 2016
Nesta quarta-feira (31), o Senado decidiu, por 61 votos a 20, cassar o mandato de Dilma Rousseff (PT), com base nas acusações de crime de responsabilidade fiscal. No final da tarde do mesmo dia, Michel Temer (PMDB) que exercia o cargo de presidente interino desde o afastamento de Dilma em maio, assumiu a Presidência da República em caráter definitivo, até janeiro de 2018.
Durante todo o decorrer do processo de impeachment, Dilma reafirmou não ter cometido nenhum ato ilegal, apontando para o fato de que seus predecessores também manipularam as contas públicas, prática que ficou conhecida como “pedalada fiscal”. Opositores do governo petista, entretanto, argumentam que os valores dos atrasos no repasse de recursos a bancos públicos durante a administração Dilma foram significantemente maiores do que os de gestões anteriores. Para os opositores, a prática das pedaladas fiscais corroeu seriamente a credibilidade econômica do país, além de ter mascarado a crise para garantir a reeleição de Dilma à presidência em 2014.
O mau desempenho econômico do país, juntamente com os escândalos de corrupção e a falta de habilidade política de Dilma, foram causas fundamentais para a erosão de sua popularidade, culminando na cassação de seu mandado.
A decisão pelo impeachment de Dilma é o epílogo de uma luta de poder que consumiu a nação durante meses e derrubou um dos partidos políticos mais poderosos do hemisfério sul, no poder há quase 14 anos consecutivos. Eleito por quatro mandatos sucessivos, o PT deixa o protagonismo nacional com altos índices de desaprovação e marcado por escândalos de corrupção, mas também carrega bons resultados na área social e no combate à desigualdade.
Para os críticos do governo petista, o impeachment foi um processo legítimo e consequência das ações de uma líder rígida, no comando de um movimento político que havia perdido o seu caminho. Para Dilma e seus apoiadores, o impeachment foi um golpe que enfraquece a jovem democracia do Brasil.
O ponto alto do julgamento ocorreu na segunda-feira, quando Dilma compareceu ao Senado para se defender. Durante 14 horas, Dilma respondeu a perguntas de 48 senadores e discursou enfatizando sua inocência e a tese do golpe parlamentar. “Fui eleita presidente por 54 milhões. O que está em jogo no processo de impeachment não é apenas o meu mandato. O que está em jogo é o respeito às urnas, à vontade do povo brasileiro e à Constituição”, defendeu-se Dilma durante seu discurso no Senado.
Em seu primeiro pronunciamento como ex-presidente, Dilma se disse vítima de um “golpe parlamentar” e de uma “farsa jurídica” que levou ao poder “um grupo de corruptos investigados”, e prometeu oposição firme ao novo governo Temer. Em um tom fortemente feminista, Dilma adicionou que “o golpe é misógino, homofóbico e racista”.
A tese de golpe foi duramente rebatida por Michel Temer, em seu primeiro discurso como presidente definitivo, que, em tom incisivo, serviu como um recado aos senadores da base aliada que votaram a favor de Dilma. “Não será tolerada essa espécie de conduta. Quem não quer que o governo dê certo, declare-se contra o governo e saia”, disse. Temer é o terceiro politico do PMDB a se tornar presidente desde o fim da ditadura militar (1964-1985) sem ser eleito para o cargo.
Embora a maioria do plenário tenha optado por cassar o mandato de Dilma, a petista manteve os seus direitos políticos, como resultado da votação fatiada de impeachment, processo o qual o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes considerou como “bizarro”. Um dia após o afastamento definitivo de Dilma, a defesa da ex-presidente entrou com uma ação no STF pedindo a anulação da sessão no Senado em que foi votado o impeachment e exigindo a realização de um novo julgamento.
Ainda é cedo para saber como será o Brasil pós-impeachment mas, para alguns especialistas, os últimos acontecimentos deveriam servir como uma oportunidade para a sociedade rever os problemas do sistema político brasileiro e exigir as reformas que o país precisa desesperadamente.
~CarolF está lendo“Impeachment”
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