Bate-papo com Vladimir Campos: tecnologia e produtividade

Flipboard Brasil Blog / julho 29, 2015

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“Tecnologia para humanos”. Esse é o lema do Vladimir Campos, profissional especializado em tecnologia e produtividade, que busca traduzir o ‘tecniquês’ para a linguagem do usuário leigo. Consultor, escritor, embaixador de viagens da Evernote e curador Flipboard, Vladimir conta com as ferramentas da tecnologia para se organizar, ser mais produtivo e conseguir realizar seus diversos projetos.

Conversamos com o Vladimir para saber dicas de produtividade, como ele usa o Flipboard em seu dia a dia, e sua opinião sobre curadoria e o futuro do digital. Confira!

Você desenvolve trabalhos focados aos temas de tecnologia e produtividade. Quais dicas você daria para quem busca ser mais produtivo no trabalho?

Por incrível que pareça, uma grande quantidade de pessoas precisa praticar o básico: usar a agenda de compromissos de forma séria e ter os contatos organizados e atualizados. Essas seriam minhas primeiras recomendações.

Além da falta de respeito, é uma grande perda de tempo marcar reuniões e não honrar horários. E claro, é muito importante fazer o dever de casa e planejar sua participação. Pensar e anotar o que vai perguntar, falar, fazer, etc. O mesmo vale para os contatos. Networking é algo extremamente importante nos dias de hoje. Porém, conectar-se e interagir via redes sociais é muito diferente de ter as informações organizadas e prontas na agenda de endereços para quando precisar.

Esses são temas básicos, mas de modo geral, o importante é entender que organizar arquivos, contatos, e-mails, preocupar-se com a segurança dos dados etc., não significa estar gastando tempo. É exatamente o oposto. Trata-se de um investimento porque você se tornará mais produtivo e ganhará mais notoriedade junto aos superiores, colegas e clientes. E claro, terá mais qualidade de vida.

Com o crescimento das redes sociais e do entretenimento digital, a tecnologia pode ser tanto uma ferramenta de produtividade quanto de distração. Como encontrar um equilíbrio?

A resposta a essa pergunta deve valer um prêmio de um bilhão de dólares, não é mesmo? O fenômeno redes sociais é muito recente e noto que estamos todos aprendendo à medida que a tecnologia evolui.

Me parece que muitos de nós passamos pela euforia, e parte entendeu que há um limite, que muitas vezes esbarra na segurança pessoal do usuário e dos que estão a sua volta. Outros não entenderam isso e continuam publicando informações pessoais de forma excessiva e até mesmo compulsiva.

E qual o limite? Realmente não sei. O que procuro fazer é publicar o mínimo de informações pessoais e usar recursos como grupos e similares para trocar conhecimento e experiências relevantes. Ou seja, as redes funcionado como uma ferramenta e trabalhando para mim, e não o contrário.

Como você usa o Flipboard no seu dia a dia e qual a funcionalidade que você mais curte no aplicativo?

Vejo o Flipboard como uma solução extremamente eficiente para filtrar a avalanche de conteúdo que nos chega a todo momento. Acesso o aplicativo todo dia pela manhã, enquanto preparo e tomo minha primeira xícara de café. Ao longo do dia, no almoço ou nos intervalos de trabalho, navego pelo conteúdo para me manter informado e atualizado e ao mesmo tempo relaxar a mente.

Sigo um fluxo que intercala notícias mais densas, como política e economia, com fotos do Flickr e vídeos do YouTube. Além de sempre me preocupar muito com as fontes de informação, estruturei os Quadrados de Conteúdo com essa alternância em mente.

Mas nem tudo pode ser consumido de imediato. Textos que me interessam e são mais longos, vão para o Instapaper. De lá, depois de lidos, seguem dois caminhos. Ou são excluídos da lista de leitura ou arquivados no Evernote, que é meu principal espaço de armazenamento.

Tenho também o plug-in do Flipboard no meu navegador e mando para minhas revistas tudo aquilo que chega a mim por vários meios e que acho interessante. O que mais gosto de fazer no Flipboard, depois de ler, é compartilhar esse material via revistas que mantenho por lá. É um enorme prazer fazer isso!

Quais revistas e fontes você curte e lê no Flipboard atualmente?

Na verdade, assino poucas revistas. Leio algumas curadas por amigos e gosto muito da “Edição do Dia” e sua versão em inglês, “The Daily Edition“. Estão no topo da tela do aplicativo. São meus dois primeiros Quadrados.

Mas o que faço é um pouco diferente. Assino minhas próprias listas que montei no Twitter, grupos do Flickr, LinkedIn, canais do YouTube, etc. Preparo o conteúdo nas redes sociais e adiciono Quadrados de cada conjunto desses. Descrevi o processo em detalhes no meu livro Desvendando o Flipboard® e também em um podcast recente.

Você publicou alguns e-books, como o “Guia de Bolso Pistach.io”, “Organizando a Vida com o Evernote”, e “Desvendando o Flipboard”. Fale um pouco sobre os seus livros e sua experiência com o mercado digital brasileiro.

São uma paixão e ao mesmo tempo um trabalho enorme, porque sou responsável por tudo. Pesquisa, texto, imagens internas, escolha da capa, etc. São todos publicações independentes via ferramentas da Amazon, Apple, Google e Kobo. E, portanto, precisei dedicar também muito tempo aprendendo a usar cada uma delas.

Nos meus livros que tratam de tecnologia, procuro sempre começar com capítulos explicando o aplicativo ou serviço e, gradativamente, evoluo para exemplos que podem ser utilizados no dia a dia das pessoas. Mas não são como manuais. Meu lema é “tecnologia para humanos”. Nem todos têm facilidade e procuro sempre explicar as coisas da forma mais simples possível. Aliás, o mesmo acontece nos episódios dos meus podcasts. Grande parte do meu esforço é voltado para traduzir o tecniquês, e é uma satisfação enorme ver as pessoas aprendendo e aplicando o que ensino.

Em outras palavras, além de ensinar, procuro tratar de temas que julgo interessantes e que possam beneficiar os leitores. O Evernote e o Flipboard são dois bons exemplos. Aprendi muito durante o processo de configuração e uso, e os livros têm como objetivo compartilhar esse meu conhecimento e diversas dicas e sugestões.

Como você vê o futuro do digital no Brasil?

Esse é um tema que me entristece bastante. Nossos políticos, em sua maioria, têm seguido uma linha de isolacionismo via impostos e, em alguns momentos, manipulação indireta do valor do dólar, que geram preços elevados, e consequentemente, dificultam o acesso à tecnologia para aprendizado e inovação. Será que faz mesmo sentido para todas as empresas do mundo manter uma fábrica no Brasil só para ter isenções? Claro que não! Isso não acontece em parte nenhuma do planeta.

Por outro lado, há um grupo de pessoas com renda elevada o suficiente para arcar com os insanos preços praticados no país, ou com potencial para viajar para o exterior e pagar menos. Ou seja, acabam tendo acesso enquanto os menos favorecidos são os mais prejudicados pelas políticas protecionistas do governo.

Em termos práticos não estamos criando apenas analfabetos digitais, como se dizia no passado que ocorreria. É muito pior que isso! O conhecimento tem se tornado cada vez mais digital e a população precisa de acesso a computadores, tablets, leitores de eBooks e outras ferramentas para aprender.

Mas vamos falar de coisas boas! Na última convenção I/O da Google, a empresa mostrou um belíssimo mapa mundi com pontos indicando onde seus celulares estão sendo habilitados. Com ajuda de cores pontilharam o planeta, indicando celulares com mais ou menos recursos. Em termos práticos, na linguagem que nos interessa, mais caros e mais baratos. Ficou claro na apresentação que a empresa pretende promover tecnologias voltadas para partes menos privilegiadas do mundo e o Brasil foi citado algumas vezes.

O ponto é que o problema não é só acesso ao equipamento em si. A infraestrutura é também um grande gargalo. As pessoas se esforçam para comprar aparelhos, mas não podem confiar na estabilidade e abrangência da Internet. E, é claro, há também o fator preço da conexão.

Enfim, apesar de toda a dificuldade enfrentada, vejo bastante progresso em termos de disseminação. Muitas pessoas que nunca teriam condições de comprar um computador, têm atualmente um semi-computador de mão que permite comunicação, acesso a informação, entretenimento, fotografia digital, etc. Mesmo com tanta turbulência, seguimos em frente e certamente estamos melhores e continuamos melhorando.

Algum conselho para quem quer se tornar um curador digital?

Paixão com equilíbrio! Adoro mergulhar diariamente no conteúdo do Flipboard e compartilhar o que gosto com as pessoas. Mas não faz sentido compartilhar tudo. O bacana é esse lado pessoal do conteúdo curado. Aliás, esse é meu critério. Só compartilho aquilo que chama minha atenção ou me emociona. Até então, tem dado certo.

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Diário de um elefante

~CarolF está lendo “Escolha do Editor”

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